Turbulências políticas e econômicas no Brasil
e no mundo revelam que a democracia está em crise e que os partidos políticos
tradicionais não conseguem dar respostas aos anseios da sociedade. Essa
problemática começa a se delinear nos anos 1970 e torna-se mais profunda após a
crise de 2008. A economia não tem crescido no mesmo ritmo de antes nos países
ocidentais, empregos são perdidos pelas inovações tecnológicas e os intensos
fluxos migratórios provocam posições divergentes na sociedade.
Esses fatores
revelam, na sociedade brasileira e no mundo democrático, tendências à
polarização do debate político, déficits de apoio e confiança nas instituições
políticas da democracia, o ressurgimento dos populismos – na política e na economia
–, além da crescente taxa de desalento vivenciada pelas poucas perspectivas de
crescimento econômico e geração de empregos.
A fragmentação do conflito social, alicerçado
pelos novos movimentos sociais, igualmente veem-se enfraquecidos, seja pela dinâmica
própria da sociedade e de uma nova cultura do capitalismo, seja pela pouca
evidência de que essas formas de lutas socioculturais venham a ter impacto no
âmbito do processo decisório e político do Estado.
Tal dinâmica com frequência fortalece visões
autoritárias e populistas.
Para analisar este cenário, é preciso ter
claro que o enfraquecimento da democracia não se dá mais por rupturas bruscas e
sim pelo enfraquecimento, muitas vezes provocado pelos próprios detentores do
poder, das estruturas institucionais de controle. São exemplos desse último
aspecto, o enfraquecimento dos mecanismos de controle social (como, por
exemplo, os conselhos de políticas públicas) e de accountability.
Claramente, no mundo contemporâneo, há um
enfraquecimento das instituições democráticas e das possibilidades de diálogo –
o que, no limite, deixam entrever processos de desgaste e enfraquecimento dos
aspectos representativos e participativos nas democracias contemporâneas.