A
palavra texto vem do latim Textum –‘entrelaçamento, tecido’ e de têxtil o que
se pode tecer, relativo a tecelões ou tecelagem. Com fios nas mãos,
confeccionamos tramas e bordados. Com palavras, seja oral ou escrita, enredamos
uma trama narrativa e contamos histórias. Fios e palavras são pequenas partes
que pelo gesto da repetição constituem um todo que envolve e encanta.
Há
um caminho de mão dupla na compreensão do tecido e infinitas são as narrativas
que retratam a temática têxtil. Os contos de tradição oral quando enfeixados
por elementos da costura: tecido, tear, roca, fio, agulha, linha, linho,
túnica, manto, pele, aranha, fiandeiras, alfaiates, tecelãs, apresentam a
linguagem do fazer tecido e exemplificam uma qualidade da aprendizagem com
tecido (no duplo sentido têxtil e textual).
Com
a famosa heroína tecelã de A Odisseia – Penélope, por exemplo, podemos aprender
sobre a importância do desfazer, com a cantiga do folclore Mineiro, A velha a
fiar, aprendemos sobre a importância da repetição. Nesse caminho, cada conto revela
um ponto e vice-versa.
Por meio do contato com pontos de bordado e narrativas
da tradição oral reconhecemos o universo de interseção entre o texto e o têxtil
em sua dimensão prática e conceitual e fundamentamos um exercício lúdico e
poético no processo de aprendizagem da leitura de imagem e desenvolvimento de
projetos e suportes têxteis para contar das histórias.