A despeito de décadas de intensa troca comercial e cultural com o oriente, o Brasil carece de cursos e estudos formais sobre a tradição e o pensamento oriental. Ademais, a despeito da abertura ao diálogo intercultural, ainda há um sensível viés eurocentrista no ambiente acadêmico das ciências sociais brasileiras. Aqueles interessados na história e na cultura do

oriente, em particular na China e nas tradições confucionistas, taoístas e budistas, terão neste curso um introdução rigorosa e multifacetada através de um diálogo aberto e franco com nossa história e cultura.

O curso tem como objetivo introduzir os alunos às tradições das sabedorias asiáticas, com ênfase na tríade de escolas de pensamento filosófico-religioso que prevaleceu ao longo da história da China e influenciou boa parte da Ásia Oriental: Confucionismo, Taoísmo e Budismo. Iremos explorar a tradição chinesa em suas principais fontes na dinastia Zhou (1122-256 a.C.), passando pela disseminação do Budismo a partir da India e sua sinização após o século I dC, até a consolidação no chamado movimento Neo-Confucionista a partir da dinastia Tang (618-907). Terminaremos com uma reflexão acerca dos impactos dessa história sobre a natureza da própria reflexão filosófica, bem como sobre a China contemporânea.

O curso convidará os alunos à perspectiva da filosofia comparativa, onde as tradições orientais oferecem a possibilidade de uma alteridade em sua contraposição à história das ideias greco-cristã. Iremos explorar a hipótese de que o isolamento geográfico, cultural e linguístico da China até a época da entrada das ideias Budistas ofereceu um cenário propício ao surgimento de ideias e conceitos que se desenvolveram em profundo contraste com as tradições Indo-Europeias.

Mostraremos que a natureza e as repercussões do contraste Ocidente/Oriente provocam ainda hoje intensos debates quando se trata de discutir a história e a contemporaneidade chinesa e asiática. O curso examinará exemplos de mitos e informações pouco embasadas veiculadas sobre a China e o Oriente, procurando sempre oferecer uma perspectiva mais equilibrada sobre esse tema tão controverso e atual.

Público em geral, estudantes de filosofia e ciências sociais.

O curso será composto por três partes. A primeira parte (24 horas) constitui-se basicamente de uma exposição histórica do desenvolvimento das tradições filosóficas na China, sua expansão pela Ásia oriental e o contato com a Índia. A segunda parte (4 horas) propõe uma reflexão a partir da análise comparativa com as tradições exógenas à China, em uma abordagem que privilegia o olhar do outro e investiga o problema da tradução e da linguagem na análise comparativa de diferentes tradições filosóficas. Finalmente, a terceira parte (4 horas) explora tópicos contemporâneos sobre a China e sua relação com o ocidente, focando-se no diálogo entre sua tradição e a organização sócio-econômica chinesa. O curso prevê a disponibilização de textos em português de pensadores asiáticos e estudos sobre a filosofia oriental para trabalho durante as aulas (2 horas).