A neuropsicologia visa entender as relações entre estruturas cerebrais, processos psicológicos e comportamentos. Estuda diversas funções cognitivas como linguagem, percepção, atenção, memória e funções executivas. Um de seus principais objetivos é formular hipóteses sobre o funcionamento cognitivo de cada indivíduo, e verificar a influência destes sobre seu padrão de relação com o ambiente, como por exemplo: desempenho quanto as habilidades de vida diária, alterações de personalidade e comportamento, déficits sociais, de aprendizagem, entre outros.
Para atuar enquanto Neuropsicólogo é necessário um conhecimento sobre o desenvolvimento normal e patológico do sistema nervoso central (SNC) bem como os períodos críticos de desenvolvimento. Para tal, a neuropsicologia se baseia em conhecimentos oriundos da psicologia e de outras disciplinas, dentre elas encontra-se como exemplos: a psicologia cognitiva, psicologia experimental, psicologia clínica, neuroanatomia, neurofisiologia, psiquiatria, pedagogia.
O exame neuropsicológico requer instrumentos específicos e métodos clínicos que possam abranger a investigação das funções cognitivas (atenção, memória, praxias motoras e ideatórias, linguagem, percepção, vísuo-construção e funções executivas) e sócio-afetivas (autorregulação do afeto e motivação, teoria da mente e julgamento moral). Os recursos neuropsicológicos são variados, o neuropsicólogo faz uso de testes
objetivos e específicos para avaliar as funções descritas anteriormente, de observações clínicas quanto ao comportamento, além de instrumentos que julgar necessário para cada caso. Todo este processo se entende como avaliação neuropsicológica. Este permite a construção de um perfil individual e a partir deste é possível delinear, ou sugerir possibilidades de tratamento mais adequado, tanto no que tange a clínica psicológica quanto a atuação de outros profissionais.
Atualmente a avaliação neuropsicológica, por sua característica de possibilitar a compreensão da relação entre atividade do sistema nervoso ao funcionamento psicológico, tanto em condições normais, quanto em condições patológicas, tem provido contribuições e se afirmado como parte fundamental da psicologia. As alterações das funções cognitivas e suas consequências para o comportamento humano ao longo da vida têm sido enfocadas em diversas pesquisas com populações em diferentes faixas etárias. Para a população infantil, a avaliação Neuropsicológica possibilita a identificação precoce de transtornos cognitivos e desordens de desenvolvimento e, com tal, alterações no processo de aquisição de habilidades. Por isso é um instrumento de grande valia para o diagnóstico diferencial, sendo cada vez mais solicitada por diferentes profissionais que atendem a criança, como neuropediatra, psiquiatra infantil, entre outros.
A avaliação neuropsicológica também contribui para o estudo das doenças do envelhecimento e tem gerado conhecimento sobre o perfil cognitivo relacionado aos quadros de demências de diferentes etiologias. As informações alcançadas pelo exame neuropsicológico tem se mostrado útil para a decisão dos tratamentos clínicos e farmacológicos. Outra evidência da crescente solicitação do exame neuropsicológico como produtor de diagnóstico diferencial é que na revisão do DSM-V, a avaliação neuropsicológica passou a ser um dos critérios para o diagnóstico de deficiência intelectual.
Portanto a proposta do curso é formar especialistas em Neuropsicologia para atuar, principalmente, no âmbito da avaliação neuropsicológica clínica nas diferentes faixas etárias de desenvolvimento. Parte-se da premissa de que, cada vez mais, é necessário estimular a formação de profissionais capazes de compreender o funcionamento humano em todos os seus âmbitos, de modo a contribuir junto a diferentes profissionais para melhor qualidade de vida das pessoas.