A terapia cognitiva (TC), também conhecida como terapia cognitivo-comportamental (TCC), criada por Albert Ellis, Aaron T Beck e outros nas décadas de 50 e 60, consiste em uma abordagem diretiva, objetiva, focada no presente, de tempo limitado e baseada no método científico. A TCC tem por objetivo principal produzir mudanças no processamento cognitivo e, consequentemente, influenciar emoções e comportamentos. A TCC adota o modelo biopsicossocial, considerando a influência de fatores psicológicos, ambientais, biológicos e sociais como fundamentais para o entendimento do comportamento humano. O objetivo da TCC é a modificação dos padrões cognitivos disfuncionais (Beck et al., 1997).
A partir do trabalho inicial do tratamento da depressão, o modelo cognitivo foi melhorado e aplicado ao tratamento de todas as síndromes clinicas comumente observadas, incluindo ansiedade, transtornos alimentares, abuso de substâncias, assim como perturbações do pensamento associadas as psicoses. Estudos de resultados demonstraram sua eficácia em uma grande variedade de distúrbios clínicos. Além de sua aplicação a praticamente todas as populações clínicas, a terapia cognitivo comportamental tem sido aplicada a todas as faixas etárias e utilizada em settings variados (Beck & Freeman, 1990).
Sua estrutura conceitual provou ser uma heurística robusta que continua a oferecer novas percepções (insights) das origens e do tratamento de psicopatologia. A necessidade crescente de identificar e implementar tratamentos eficazes e limitados pelo tempo, assim como a ênfase nos resultados empíricos, tem levado ao desenvolvimento de orientações para a prática clínica e institucional que favorecem os modelos cognitivo comportamentais e a psicologia baseada em evidências (Dobson & Dobson, 2010). Desde sua concepção, a terapia cognitiva que foi desenvolvida e promovida por Aaron T Beck estabeleceu uma forte ligação entre teoria e pesquisa.
Em seus primeiros dias, a TCC foi principalmente uma iniciativa norte americana e, em seguida, britânica. Ainda hoje Inglaterra e Estados Unidos continuam a oferecer inovações e novas percepções da TCC. No entanto, em sua maturidade a TCC se tornou uma escola de psicoterapia global. Pesquisadores e clínicos do mundo todo estão transformando a TCC, dando contribuições importantes nos campos da psicopatologia e do tratamento (Hawton el all, 1989).
No Brasil a TCC tem se desenvolvido muito nos últimos anos, pesquisadores e clínicos brasileiros têm contribuído para o avanço da TCC e de suas mais recentes reformulações e extensões, principalmente com propostas de terceira geração, como a aplicação de mindfulness, terapia de aceitação e compromisso, Terapia Cognitiva processual, Terapia da Reciclagem Infantil e Terapia Comportamental Dialética. Em 1998, foi formada a Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), que é a associação nacional de profissionais e estudantes dedicada à promoção, à pesquisa e ao treinamento em diferentes formas de TCC no Brasil. A criação de revistas científicas especializadas que publicam artigos sobre terapia cognitiva, tais como a Revista Brasileira de Terapias Cognitivas e a Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, é um outro marco importante na criação de um ambiente vibrante e fértil para o desenvolvimento da TCC no Brasil (Melo, 2014).
A TCC se tornou um dos modelos de psicoterapia mais usados e pesquisados no mundo todo. É um modelo complexo que atualmente é aplicado em diferentes contextos (clinica, hospitais, instituições) e diferentes populações (crianças, idosos, casais, família, em grupo e no tratamento de psicopatologias), além de estar em constante expansão, com o desenvolvimento de novas práticas, como as terapias de terceira geração e a interface com as neurociências. A formação de profissionais capacitados a atuar nessa abordagem e atualizados nas novas pesquisas é fundamental para a prática da TCC. Dessa forma, a finalidade do curso de especialização em TCC é formar profissionais com amplo domínio nesta área clínica a partir da integração dos conhecimentos teóricos à prática, aliada às reflexões éticas. Os graduados em psicologia receberão certificado de Especialista, pois realizarão as cargas horárias de estágio supervisionado clinico no SPA da PUC-Rio.